Convidades 2022
Em 2022, a Mostra traz nove convidades internacionais, entre cineastas, pesquisadores e curadores. Além das realizadoras Ema Edosio, Aïssa Maïga, Maimouna Jallow, Jenna Bass e Babalwa Baartman, o documentarista camaronês Jean-Marie Teno, um dos nomes mais importantes da história dos cinemas da África, estará presente para apresentar seu longa “Afrique, je te plumerai”, que em 2022 completa 30 anos. Teno também fará parte de uma conferência sobre a trajetória do documentário nos cinemas africanos na Cinusp, ao lado dos professores e pesquisadores Alexie Tcheuyap (Camarões) e Sada Niang (Senegal).
Nascida no Senegal, Aïssa Maïga chegou à França aos 4 anos. Ela começou sua carreira no cinema como atriz e agora tem mais de trinta filmes em seu currículo. Através da diversidade de seus papéis, Aïssa Maïga cultiva uma versatilidade de atuação e colaborações artísticas: ela já atuou para Michael Haneke, Cédric Klapisch, Philippe Lioret, Michel Gondry e Mahamat Saleh Haroun. Em 2007, o drama “Bamako”, de Abderrahmane Sissako, no qual ela interpretou o papel principal, lhe rendeu uma indicação na categoria de melhor esperança feminina na 32ª cerimônia de César. Ela sempre lutou pela igualdade racial, pelos direitos das mulheres e está envolvida em causas humanitárias. Iniciou assim a redação do ensaio coletivo “Negro não é minha profissão” (Edições du Seuil, 2018), com quinze atrizes negras ou mestiças para denunciar a gama muito limitada de papéis que lhes é oferecida. Em 2021, dirigiu para o Canal+, com Nolita TV e Zadig Productions, o documentário “Regard noir”, adaptado de “Noire n’est pas mon profession”. No mesmo ano, lançou o documentário “Caminhar sobre a Água”, seu primeiro longa-metragem.
A artista vem ao Brasil com o apoio cultural da Embaixada da França no Brasil.

Jean-Marie Téno, o mais proeminente documentarista da África, produz e dirige filmes sobre a história colonial e pós-colonial da África há mais de vinte anos. Filmes de Jean-Marie foram homenageados em festivais em todo o mundo. Foi convidado do Seminário Flaherty, artista residente e lecionou em várias universidades. Jean-Marie nasceu em 1954 em Bandjoun, Camarões. Estudou comunicação audiovisual na Universidade de Valenciennes e trabalhou como crítico de cinema na Bwana Magazine e como editor-chefe na France 3. Em 1983, dirigiu seu primeiro curta-documentário Schubbah. Em 1992, ele fez seu documentário Afrique, je te plumerai sobre os efeitos do colonialismo e neocolonialismo em Camarões. Em 1996, fez Clando, que ganhou o Prêmio do Público no 6º Festival de Cinema Africano em Milão, Itália. Jean-Marie Teno também é produtor de seus próprios filmes com Les Films du Raphia. De 2007 a 2008, foi Artista Visitante no Copeland Fellow no Amherst College, e em 2009 – 2010 foi Professor Visitante no Hampshire College, Massachusetts. Ele vive entre a França, Camarões e os Estados Unidos.
O artista vem ao Brasil com o apoio cultural da Embaixada da França no Brasil.



Ema Edosio é uma artista e diretora de cinema nigeriana. Seu longa de comédia, “Kasala!”, percorreu o mundo nos festivais de cinema. Ema iniciou sua carreira de forma autodidata, ao acompanhar cineastas da indústria de cinema de Nollywood, na Nigéria. É formada em cinematografia e direção pela New York Film Academy e pelo Motion Pictures Institute of Michigan, nos Estados Unidos. Seu segundo longa, “Otiti”, tem estreia no Brasil na Mostra de Cinemas Africanos.
A artista vem ao Brasil com o apoio cultural do Goethe-Institut São Paulo.


Jenna Cato Bass é roteirista, cineasta e ex-mágica sul-africana. Seus filmes premiados incluem o curta THE TUNNEL (2010) e os longas-metragens criados de forma colaborativa LOVE THE ONE YOU LOVE (2014) e HIGH FANTASY (2017), que foram exibidos em todo o mundo, inclusive no Sundance, Berlinale e Festivais de Cinema de Toronto. Juntamente com Wanuri Kahiu, Jenna co-escreveu o romance jovem RAFIKI, que estreou em Cannes Un Certain Regard em 2018. Seu terceiro longa como diretora e roteirista, FLATLAND, foi o filme de abertura do Berlinale Panorama 2019. Em 2019, Jenna dirigiu o curta-metragem SIZOHLALA, com produção executiva do aclamado cineasta Jia Zhangke. Seu quarto longa-metragem, uma sátira do filme de horror, MLUNGU WAM, co-escrito com Babalwa Baartman, estreou em 2021. Jenna também ensina Direção e Roteiro na Universidade de Tecnologia da Península do Cabo e é membro fundadora do coletivo Free Film School.
A artista vem ao Brasil com o apoio cultural da Cartografia Filmes.




Babalwa Baartman é uma cineasta sul-africana que usa a narrativa como ferramenta de ativismo e cura para sua comunidade. Em 2015, Babalwa registrou sua produtora, Sanusi, através da qual co-escreveu um curta-metragem “Sizohlala”, uma história que destaca os Movimentos de Ocupação na África do Sul e recentemente co-produziu e co-escreveu um longa “Mlungu Wam” ( TIFF 2021 Platform Competition), um Terror Psicológico, que aborda a questão da desigualdade na África do Sul através da história e experiência de uma trabalhadora doméstica e sua filha. Ela é a fundadora do Sanusi Skills Advancement Program, um programa de animação 2D voltado para dar aos graduados a experiência e orientação necessárias para ajudá-los a se preparar para o mercado de trabalho.
A artista vem ao Brasil com o apoio cultural da Cartografia Filmes.




Maïmouna Jallow é uma artista multidisciplinar, atuando como contadora de histórias, editora, dramaturga e diretora de cinema. Em 2021, lançou seu filme de estreia, Tales of the Accidental City, um longa experimental em que toda a ação acontece no Zoom. Ela também é co-fundadora e diretora da organização Positively African e diretora artística do East African Soul Train. Antes disso, Maïmouna trabalhou como produtora para a BBC e em comunicação para Médicos Sem Fronteiras. Possui mestrado em Literatura Africana pela SOAS, University of London.
A artista vem ao Brasil com o apoio cultural da Cartografia Filmes.




Alexie Tcheuyap, professor de francês cuja experiência se concentra na literatura africana, cinema e estudos de mídia. Ele obteve um doutorado em literatura francesa pela Queen’s, somando-se a um doutorado e mestrado no mesmo campo da Universidade de Yaoundé, em Camarões. Ele lecionou na Universidade de Calgary antes de ingressar no departamento francês da Universidade de Toronto em 2006 e é membro sênior dos Institutos Europeus de Estudos Avançados. Especialista em literatura africana, cinema e estudos de mídia, Tcheuyap conta com Ariane Astrid Atodji, Florence Ayisi, Jean-Pierre Bekolo, Assia Djebar, Amina Abdoulaye Mamani, Jean-Marie Teno e Mansour Sora Wade entre seus cineastas africanos favoritos. Ele escreveu vários livros, incluindo De l’écrit à l’écran, Postnationalist African Cinemas, Autoritarisme, presse et violence au Cameroun e Avoir peur. Insecurité et roman en Afrique francophone.
Sada Niang é professor de estudos franceses e francófonos na Universidade de Victoria, Canadá. Ele possui um Ph.D da Universidade de York (Downsview, Ontário). O seu trabalho recente centra-se no cinema pós-colonial, no cinema francófono da África Subsariana, no Magrebe (Marrocos, Argélia e Tunísia) e nos filmes femininos francófonos. Originalmente um estudioso da literatura africana, Niang voltou sua atenção nos últimos quinze anos para o cinema africano. O trabalho recente de Niang concentrou-se especificamente no cinema documental africano, e atualmente ele está coeditando o que será o primeiro volume acadêmico sobre o assunto. Niang cita Osvalde Lewat, Sokhna Amar e Jean-Marie Teno como alguns dos muitos documentaristas africanos notáveis que ele estuda.
Dr. Ben Akoh é o fundador e presidente do African Movie Festival em Manitoba (AM-FM), um festival dedicado ao cinema africano e à coabitação intercultural no Canadá. O festival exibe filmes de toda a África e de diretores africanos na diáspora. O Dr. Akoh recebeu um doutorado interdisciplinar na interseção de cultura, tecnologia e educação da Universidade de Manitoba. Seu trabalho de pesquisa na identificação dos determinantes da aprendizagem com tecnologia em um contexto indígena no norte de Manitoba levou a vários artigos publicados e apresentações em conferências internacionais e no Canadá. Akoh desenvolveu e implementou muitos programas com as Nações Unidas e o Banco Mundial em cultura, telecomunicações, tecnologias de internet e educação para capacitar os marginalizados, especialmente mulheres e crianças na África e em comunidades indígenas canadenses remotas.
Diretora-presidente da Spcine – empresa de cinema e audiovisual da prefeitura de São Paulo -, ela também é advogada, ativista do movimento negro, presidenta e uma das fundadoras da Associação de Profissionais do Audiovisual Negro. Além de roteirista, é diretora, produtora e fundadora da Odun Filmes. Sua obra “O Dia de Jerusa” (2014) foi exibido no Short Film Corner do Festival de Cannes. O curta foi transformado no longa “Um Dia com Jerusa” e com ele Viviane se tornou a segunda mulher negra a dirigir um longa de ficção no Brasil – a primeira foi Adélia Sampaio. É formada em Cinema pela Escola de Cinema e Instituto Stanislavisky e em Direito pela Universidade Paulista, onde se especializou em Direito Público, com foco em Direito Autoral e Cultural. Também é mestre em Políticas de Comunicação e Cultura pela Universidade de Brasília (UnB).
Ceci Alves é uma cineasta negra, que imprime em seu trabalho uma narratividade musical, lidando com questões de militância e protagonismo dos excluídos de uma forma afetiva e política. Tem larga experiência na área de Comunicação, com ênfase em Jornalismo e Cinema, e é reconhecida documentarista e curta-metragista, com premiações no Brasil e exterior. Mestra em Artes Cênicas pela Universidade Federal da Bahia, é roteirista e montadora formada pela Escuela Internacional de Cine y TV de San Antonio de los Baños, La Habana, Cuba. Ceci também tem Master 2 em Direção pela École Supérieure d’Audio-Visuel, unidade da Université de Toulouse, Le Mirail, França. É professora de Jornalismo, Cinema e Política Cultural, além de ser curadora e júri de diversos festivais e mostras nacionais e internacionais. Já teve projetos chancelados pela CHAMADA PÚBLICA PRODAV 04/2014, da Ancine; além de ter desenvolvido as séries dentro do Núcleo de Criação USINA DO DRAMA, atividade de extensão da Universidade Federal da Bahia; para o Laboratório de Narrativas Negras e Indígenas para Audiovisual 2020, organizado pela Flup – Festa Literária das Periferias, em parceria com a Rede Globo. Foi fundadora do Núcleo de Audiovisual do Jornal Correio/site Correio24Horas, em Salvador/BA – no qual ganhou o prêmio Tim Lopes em 2015, pela série de reportagens intitulada Tempo Perdido. Foi ainda Coordenadora da Central de Jornalismo do Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia – IRDEB.
Possui graduação em Letras Vernáculas, Especialização em Metodologia do Ensino de História e Cultura Afro-Brasileiras e Docência do Ensino Superior (2010). É Mestre em Literatura e Cultura pela UFBA (2013) e Doutora em Comunicação, Cultura e Artes pelo Centro de Investigação em Artes e Comunicação da Universidade do Algarve, em Portugal (2018). Coeditou o e-book Cinemas Africanos Contemporâneos – abordagens críticas (Sesc São Paulo) com Ana Camila Esteves em 2020. Atualmente, é investigadora colaboradora do Centro de Investigação em Artes e Comunicação (CIAC/Ualg- Portugal) e pesquisadora do Laboratório de Análise Fílmica, da Universidade Federal da Bahia (Facom/Ufba).
Morgana Gama é doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Póscom/UFBA) com estágio doutoral na Universidade da Beira Interior/Portugal. Realizou mestrado no Programa Multidisciplinar de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade (IHAC/UFBA, 2014) e graduação nos cursos de Comunicação Social/Relações Públicas (Universidade do Estado da Bahia, 2008) e Produção Cultural (Facom/UFBA, 2009). É membro do grupo de pesquisa Laboratório de Análise Fílmica (LAF/UFBA), atuando como colaboradora do projeto de extensão com foco em documentário, Cineclube Nanook, e pesquisadora da relação entre narrativas cinematográficas e cultura oral em cinemas de África e suas diásporas.
Crítica de cinema e educadora. Realiza pesquisa em cinema e educação e é fundadora do Cineclube Academia das Musas, dedicado a pesquisar e difundir a cinematografia de diretoras mulheres. É editora do Zinematógrafo, fanzine impresso de crítica de cinema, e colaboradora do site Cine Festivais. Já publicou em revistas nacionais como Filme e Cultura, Teorema e Revista Cinética, e internacionais, como Cámbrica, do Equador, e Filmmagie e Fantômas, da Bélgica. É membro da Associação Brasileira de Críticos de Cinema/ABRACCINE.